1. Pedrinho, o pequeno menino grande
14:00
Antes de realmente
começar o post vou explicar como será essa categoria. O "projeto" 1001 pessoas que conheci
antes do fim do mundo é uma ideia da Aline Vieira do blog 1001 pessoas (você
irá encontra-lo no blogroll). Consiste em relatar encontros com desconhecidos
do nosso dia a dia. Necessariamente o numero 1001 não precisar atingido, mas
tentar chegar a ele pode ser um ideal.
Era um sábado comemorativo e eu estava
sozinha, já havia encontrado com uma amiga que fazia aniversário e esperava um
ônibus para encontrar-me com um tio que me levaria para o sítio, onde outro
aniversário me esperava.
Depois do meu inacreditável fracasso de pegar
dois ônibus errados por pura falta de atenção, avistei um que dizia que passava
pelo meu destino e perguntei ao cobrador se aquele ônibus realmente parava no
ponto que eu precisava descer, após a confirmação passei pela catraca e
esperei.
Na parada seguinte entrou o Pedrinho, de
blusa lilás e bermuda jeans. Enquanto sua mãe pagava a passagem, o garoto
sentou em um dos últimos bancos, ao lado da janela. Sua mãe, dona Cláudia
passou pela borboleta e parou ao lado do filho pedindo que sentassem em um banco
mais a frente, porém seu filho respondeu:
- Não mãe, eu sou grande e posso escolher o meu lugar!
Comecei a prestar atenção com essa frase.
Após isso começou uma serie de indagações do garoto sobre a viagem (o ônibus
tinha como destino Jauá uma praia na região metropolitana), pois sua mãe tinha
dito que a viagem seria longa e eles chegariam tarde.
Pedrinho, que com toda certeza é um garoto esperto veio a perguntar o motivo da viagem, já que passariam tanto tempo no ônibus e tão pouco na praia. Sua mãe ficou sem palavras, pois sabia que seu filho estava certo. Nesse momento veio um “estalo” na minha cabeça e agora vós conto o motivo dele ter sido o escolhido para a estreia da tag.
Eu senti uma
afinidade com o garoto e involuntariamente comecei a gostar dele e com esse
dado momento vim a entender o motivo. O Pedrinho era eu. Não o meu eu atual,
com dezesseis anos, mas a Larissa chatinha e sabe tudo com seus quatro a dez
anos. Eu me vi no garoto, não que as minhas memórias sejam perfeitamente nítidas,
até porque não me achava insuportável. Mas os relatos familiares me fizeram
acreditar nisso.
Fiquei com vontade de sentar ao seu
lado e bater um papo, afinal pessoas como o Pedrinho gostam de conversar com os
mais velhos, pois se acham grandes e inteligentes o suficiente para isso. Queria
ter ficado mais tempo ouvindo o Pedro e vendo as expressões de sua mãe, mas meu
ponto chegou e tive que descer.
Enquanto o ônibus continuava seu rumo, olhei
fixamente para lugar nenhum e me perguntei silenciosamente quantas Larissas e
Pedros existem por aí, esperando o tempo passar para notarem o quanto eram
diferentes, mas iguais.
Fonte da imagem: Uou
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